Usiminas fecha acordo para comprar a J. Mendes

A Usiminas está prestes a adquirir o controle da mineradora de ferro J. Mendes, situada na região de Serra Azul (quadrilátero ferrífero), em Minas Gerais. Segundo apurou o Valor com fontes do setor e analistas de bancos, a siderúrgica mineira fechou no final do ano um acordo de exclusividade de compra, pelo qual tem um prazo de três a quatro semanas para realizar a auditoria dos ativos e apresentar um preço final aos donos da J. Mendes.

Informações davam conta que a Usiminas propôs pagamento de US$ 2 bilhões pela mineradora para ter a exclusividade de negociação. Segundo relatório do banco Banif , fortes rumores apontavam que a aquisição acertada foi de US$ 1,8 bilhão. “A J. Mendes produz em torno de 6 milhões de toneladas anuais e possui um plano de expansão de produção para chegar a 29 milhões de toneladas em 2012, possuindo dois corredores logísticos através da Ferrovia Central Atlântica (FCA) e pela MRS Logística”, segundo o relatório do analista Gilberto Cardoso.

Procurada, a empresa informou por meio da assessoria de imprensa que “a Usiminas não comenta especulações”. A direção da J. Mendes não foi encontrada para falar sobre a operação.

Se sair vencedora no disputado processo de venda da J. Mendes – que envolveu vários pesos-pesados do mundo da mineração e siderurgia – , a Usiminas começa o ano com uma agressiva ação com vistas a se proteger dos elevados aumentos do preço do minério, pelo menos para parte de suas necessidades. Para sua usina em Ipatinga (MG), é dependente da ferrovia e do minério da Vale do Rio Doce. Mas para sua controlada Cosipa, em Cubatão (SP) teria condições de se suprir via outro sistema logístico. No futuro, planeja mais uma usina ao lado da Cosipa. A expectativa é que o reajuste do minério para 2008 fique entre 30% e 50%.

A J. Mendes é considerada o último ativo de minério de ferro de “grande porte” de Minas. Conforme o relatório do Banif, suas reservas são estimadas em 1 bilhão de toneladas, o que daria um valor (EV/tonelada) de 1,8. “A principio, a aquisição se mostra cara, se compararmos às ultimas aquisições da AVG pela MMX, com um EV/t de 1,12, e da CFM pela CSN, de 0,88”, aponta Cardoso. Entretanto, segundo ele, com base nos termos da aquisição, seriam pagos US$ 1 bilhão com as reservas asseguradas e US$ 800 milhões dependeriam de uma nova auditoria de reservas.

“Vemos como positiva a aquisição do ponto de vista estratégico, uma vez que a empresa poderá suprir a expansão da usina de Cubatão com o minério da J. Mendes a preço de custo e poderia entrar no mercado internacional de minério de ferro, exportando principalmente para Ásia”, diz o Banif.

O fechamento do negócio era esperado para a última semana de 2007, mas detalhes relativos ao contrato imposto pelo vendedor dificultaram o processo de negociação. A venda da mineradora atraiu grande interesse. Entre os candidatos estavam as gigantes Vale e BHP Billiton, a MMX, de Eike Batista, a americana Cleveland-Cliffs e as siderúrgicas Usiminas, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e ArcelorMittal. Na reta final, na última semana de dezembro, continuavam Usiminas, ArcelorMittal e BHP Billiton.

A J. Mendes foi fundada em 1966 em Itaúna (MG) e pertence ao empresário José Mendes Nogueira. O minério de suas reservas, segundo informações, é na maioria do tipo sínter-feed (tipo fino, com maior teor metálico de ferro). A briga para garantir o suprimento da matéria-prima, cujos preços sobem desde 2002, tem se acirrado, tanto entre as mineradoras como entre as siderúrgicas. A ArcelorMittal é a mais agressiva do último grupo, com quase 50% de suprimento próprio já garantido. O Credit Suisse assessora J. Mendes na operação.

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