Anos dourados marcam o futuro da indústria ferroviária

Produção de mais de 3 mil vagões
Mercado total de 421 carros de passageiros
Faturamento acima de R$ 3 bilhões

São Paulo, 01 de dezembro de 2010 – Após décadas de abandono e falta de perspectivas, o setor ferroviário nacional experimenta dias de euforia com as perspectivas de investimentos que ultrapassam a cifra de R$ 75 bilhões nos próximos anos. Estrangulado pelos gargalos logísticos que atravancam o transporte de cargas e pelos graves problemas de mobilidade nas grandes cidades, o Brasil parece finalmente despertar para a necessidade de acelerar a expansão de sua malha ferroviária.

Setor de Carga – Os reflexos dos novos tempos já são sentidos pelos fabricantes de equipamentos ferroviários no resultado de 2010. A indústria fabricante de vagões, por exemplo, mais que triplicará o volume de 2009. “Começamos o ano com uma previsão de fabricar 2.500 vagões, mas – neste momento – projetamos encerrar o exercício com 3,3 mil vagões fabricados e entregues ao mercado. O volume é bastante significativo considerando que, em 2009, comercializamos apenas 1.022 vagões, devido à crise internacional”, comenta Luiz Fernando Ferrari, vice-presidente do SIMEFRE – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários.

Segundo Ferrari, alguns fatores impactaram positivamente o setor ferroviário de carga em 2010. Entre eles, o PSI – Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), lançado em meados de 2009 por conta da crise internacional, e prorrogado até 31 de março de 2011, que alavancou as vendas de vagões e locomotivas. “Registramos também uma reação dos mercados externos de minérios, grãos e açúcar, principalmente”, complementa.

Exportação – Devido à crise internacional, as exportações devem ser de apenas 16 vagões, ante as 32 unidades exportadas em 2009.
O Dólar baixo frente ao Real tem prejudicado a competitividade da indústria ferroviária brasileira, que também sofre, como outros setores, os efeitos negativos decorrentes da elevada carga tributária. Por outro lado, os empresários da área ficam vulneráveis frente à importação, principalmente de veículos para transporte de passageiros. “Como exemplo, citamos os trens chineses adquiridos pelo Metrô do Rio de Janeiro e pela SuperVia”, frisa Ferrari.

Setor de Passageiros – A indústria de carros de passageiros está fechando o ano dentro das estimativas previstas no final de 2009. Existe, obviamente, uma variação natural com projetos entrando e saindo de produção, mas o segmento está operando em sua normalidade.
Em 2010, o setor deverá fabricar 421 carros de passageiros, dos quais 41 deverão ser exportados. O desempenho ficará um pouco abaixo do resultado do ano passado, quando foram produzidos 434 carros de passageiros, dos quais foram exportadas 374 unidades. Hoje a indústria atingiu melhor equilíbrio entre pedidos internos e de exportação, destacando-se no momento o mercado nacional, que nos últimos anos teve grande investimento em transporte de passageiros sobre trilhos.

Os empresários do setor estão confiantes em relação aos próximos anos, tomando como base a declaração do ministro das Cidades, Marcio Fortes, durante o Encontrem 2010. Na ocasião, o ministro disse que o PAC 2 vai liberar recursos da ordem de R$ 18 bilhões e que 50% deverão ser utilizados para atender o sistema metroviário. “Recebemos a declaração como uma valorização do sistema metroferroviário por parte do Governo Federal”, pontua Ferrari.

No entender do vice-presidente do SIMEFRE, com um novo ciclo político se iniciando, a indústria fabricante de carros de passageiros deve aguardar o planejamento do novo Governo, mas as expectativas são de mais investimentos. Primeiramente, pela demanda crescente nas grandes capitais, o que torna o investimento prioritário, e também por conta do fato que o Brasil sediará a Copa de 2014 e o Rio de Janeiro, os Jogos Olímpicos de 2016.

Locomotivas – Com capacidade instalada para fabricar mais de 100 locomotivas por ano, os fabricantes de locomotivas devem terminar 2010 com 65 unidades comercializadas, sendo 25 para exportação, ante as 22 do ano passado. Atualmente, o setor está investindo para dobrar essa capacidade, para atender à demanda que deve continuar muito aquecida nos próximos anos. Entre os tipos oferecidos hoje pelas três empresas que atuam no mercado – GE, EIF e AmstedMaxion – estão máquinas diesel-hidráulicas e diesel-elétricas, estas últimas com 4.400 HP, de corrente alternada, que permitem uma redução de 30% no consumo de diesel.

A possível entrada da Caterpillar, através da Progress Rail/MGE, na área de fabricação de locomotivas, é extremamente benéfica, de acordo com o vice-presidente do SIMEFRE. “Existe espaço para todos. Com a globalização dos mercados, esta seria uma oportunidade para aumentarmos as exportações. O resultado é também positivo na maior geração de empregos e renda no País. Chegará um momento em que não será mais necessário importar locomotivas, em função do crescente índice de nacionalização”, complementa.

Carteira de pedidos – A indústria ferroviária brasileira investiu mais de R$ 1 bilhão nos últimos anos e está pronta para atender à demanda cada vez maior. No momento possui uma carteira de encomendas de 1.200 carros de passageiros, 150 locomotivas e 9.000 vagões para os próximos dois anos, além de serviços de reparação e modernização de vagões, locomotivas e carros de passageiros.

Perspectivas 2011 – Os empresários do setor projetam colocar no mercado no próximo ano cerca de 100 locomotivas, 450 carros de passageiros e 5.000 vagões. Acreditam que o crescimento deverá continuar graças ao aquecimento, ainda, dos setores de mineração, grãos, açúcar e carga geral conteinerizada. A expansão da malha ferroviária, com a incorporação de novos trechos da Ferrovia Norte-Sul, por exemplo, também deverá contribuir para esse crescimento. Na área de passageiros, a necessidade de mobilidade e acessibilidade urbanas garantirá a continuidade dos investimentos governamentais.

A indústria de materiais para via permanente tem fornecido para todos os projetos de expansão das malhas em andamento, destacando-se dormentes de concreto, grampos de fixação elástica, aparelhos de mudança de via e materiais para soldagem de trilhos. Faturamento – A indústria ferroviária tem uma expectativa de obter uma receita da ordem de R$ 3 bilhões em 2010, ante R$ 2,1 bilhões faturados em 2009.

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