Burocracia emperra cargas e provoca fila no porto de Santos

Ao mesmo tempo em que bate recorde de movimentação de cargas, o porto de Santos – maior do País em movimentação de cargas – acumula uma fila de caminhões nos acessos aos seus principais terminais. A burocracia dos processos de liberação de cargas é apontada como principal motivo que faz os veículos ficarem parados nos pátios e nas estradas.

De acordo com Ronaldo Forte, diretor da Fiesp/Ciesp de Santos, nos últimos anos os portos se informatizaram a se aparelharam, reduzindo o tempo de carga e descarga de uma navio de seis a sete dias para cerca de dois dias. Além disso, no principal porto do País, a duração da viagem dos caminhões foi reduzida após a abertura do trecho sul do Rodoanel, que dispensa a passagem dos veículos pela cidade de São Paulo no trajeto até Santos.

No entanto, esse movimento não foi coordenado com a eliminação da burocracia. “É uma deficiência de logística. Ele chegou antes da possibilidade de descarregar a carga ou não há documentação suficiente para agilizar o transporte. Os caminhões passaram a descer (a serra, rumo a Santos) mais rapidamente com o Rodoanel, mas a estrutura para suportar a fluência desse caminhão não foi modificada na mesma velocidade”, afirmou Forte.

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), circulam diariamente na Baixada Santista 14 mil caminhões de carga em média. Em um dia de fluxo regular, cerca de 11 mil passam pelos pátios que atendem o porto de Santos.

“No pico da safra, existe um problema de grande afluxo de caminhões, as filas se formam e tem caminhão que espera de 12 horas a 14 horas para entregar mercadoria”, disse Marcelo Marques da Rocha, presidente do Sindisan. Atualmente, o problema se dá também em um dos terminais, o que causa as filas de caminhões nas vias e não só nos pátios.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) admite que há problemas na chegada, mas ressalta que o porto tem capacidade para movimentar cerca de 110 milhões de t por ano, valor acima dos 83 milhões de t do ano passado. A autoridade portuária projeta uma demanda três vezes maior em 2024, o que vai exigir mais investimentos.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinou R$ 493 milhões a obras em Santos, principalmente para dragagem e na reforma do acesso pela avenida Perimetral. Já o PAC 2, que prevê investimentos até 2014, tem na conta R$ 1,5 bilhão para a continuação das obras viárias, além de novos piers de atracação e reforço do cais. Mas o programa só pode investir em infraestrutura.

Para amenizar o problema da burocracia, a Secretaria Especial de Portos (SEP) está implantando um programa que pretende informatizar o processo e diminuir em 25% o tempo de liberação de navios, integrando autoridades de vigilância sanitária, a polícia e a Receita Federal. O projeto Porto sem Papel está em fase de testes em Santos e Vitória e deve ser implantado efetivamente em 2011.

“Caminhão e navio parado não ganha dinheiro, assim como a máquina governamental e de comércio só ganha quando a logística flui. Um navio esperando significa de US$ 40 mil a US$ 50 mil perdidos. Quem paga os caminhões e navios que ficam parados? Nós estamos pagando”, afirmou Forte.

As obras previstas no PAC 2 têm previsão de entrega para 2014. Segundo o Sindisan, as mudanças viárias na região são mais urgentes. “Não podemos esperar por essas obras. Precisamos de um consenso para que elas saiam o mais rápido possível”, disse Rocha.

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