Cientistas alemães e dos EUA revolucionam armazenamento digital

Cientistas alemães e dos EUA revolucionam armazenamento digitalPesquisadores em Hamburgo (Alemanha) e na Califórnia (EUA) construíram o menor dispositivo de armazenamento magnético do mundo, sinalizando um avanço potencial na indústria da computação.

Em um artigo publicado no início de janeiro na revista Science, pesquisadores do Instituto de Física Aplicada da Universidade de Hamburgo e um laboratório de pesquisa da IBM, na Califórnia, demonstraram como eles poderiam armazenar um bit, a menor parte possível de informação digital, em um conjunto de 12 átomos.

Normalmente um bit, ou um ou zero, requereria cerca de um milhão de átomos em um dos menores dispositivos de armazenamento atuais, à base de silício. Na nova técnica, são necessárias apenas duas fileiras de seis átomos de ferro em uma superfície de nitreto de cobre.

Os pesquisadores disseram que ainda vai demorar alguns anos antes de sua técnica chegar a novos bens de consumo. Mas, uma vez aperfeiçoado, esse método poderia levar a novos tipos de nanomateriais capazes de armazenar grandes quantidades de informação em espaços minúsculos e com menor consumo de energia.

“Nós construímos o armazenamento de dados átomo por átomo”, disse Andreas Heinrich, gerente dos laboratórios da IBM em Almaden, na Califórnia, em entrevista à rede de comunicação alemã Deutsche Welle.

Um novo jeito de armazenar dados

O novo estilo de armazenar a informação transforma um disco magnético rígido convencional em sua cabeça.

Cientistas alemães e dos EUA revolucionam armazenamento digitalEm vez de usar antiferromagnetos feitos de ferro, níquel ou cobalto, a técnica descoberta recentemente se baseia em antiferromagnetos que repelem os mesmos elementos, concedendo-lhes várias orientações magnéticas.

Tradicionalmente, a abordagem de ferromagnéticos cria um campo magnético que limita tamanho ao qual um dispositivo pode ser reduzido.

Mas, sem a presença desse campo, os conjuntos de átomos podem ser configurados em qualquer forma sem interferência, explicou Sebastian Loth, físico do Departamento de Dinâmica de Estruturas Max Planck, em Hamburgo, e pesquisador do laboratório de pesquisa da IBM, na Califórnia.

“Esse novo princípio de memória tem o potencial de revolucionar a tecnologia de computadores”, disse ele.

O resultado da pesquisa já impressionou outros físicos. “As atuais arquiteturas de memória magnética são fundamentalmente limitadas ao menor tamanho em que eles podem chegar”, disse Will Branford, físico do Imperial College London, em entrevista para a BBC.

“Esse trabalho mostra que, em princípio, os dados podem ser armazenados muito mais densamente usando bits antiferromagnéticos”.

No entanto, os pesquisadores observaram que este é apenas um passo inicial na criação de chips menores de memória. Por enquanto, essa matriz de 12 átomos é apenas estável em um clima temperado de -268 graus Celsius, perto do zero absoluto. Loth disse que, no momento, o método necessita de uma configuração de cerca de 150-200 átomos por bit de informação para fazê-lo funcionar em temperatura ambiente.

“É como se nós abríssemos uma nova porta para a sala seguinte”, Heinrich acrescentou.