Desenvolvimento sustentado

Atrair empresas representantes de setores de baixo impacto ambiental, que se apóiem, complementarmente, na estrutura produtiva da Baixada Santista e se enquadrem no padrão de dinamismo que a comunidade empresarial local vem perseguindo, desde meados da década de 90, é um dos principais objetivos da estratégia de desenvolvimento dos agentes econômicos do município de Cubatão, um dos principais pólos industriais da América Latina.

Instalado a partir de 1955, o Pólo Industrial de Cubatão é composto, principalmente, pelo segmento petroquímico, que se formou ao redor da Refinaria Presidente Bernardes, da Petrobrás, e siderúrgico, representado pela Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). Os dados disponíveis indicam que em 2001 o setor petroquímico produziu 7,3 milhões de toneladas; o químico 1,7 milhão de toneladas; a área de fertilizantes, 4,4 milhões de toneladas; e a indústria siderúrgica, 2,4 milhões de toneladas de aço.

Cubatão é um dos seis maiores municípios brasileiros em arrecadação de tributos federais, sendo a Cosipa a principal geradora de receita fiscal. O município integra a Região Metropolitana da Baixada Santista.

Uma das principais metas de Cubatão, segundo o engenheiro químico Ademar Salgosa Júnior, diretor titular da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), é recuperar, gradativamente, o prestígio e a força econômica que o município tinha há cerca de 20 anos, quando respondia por algo em torno de 1,5% do PIB brasileiro, percentual que caiu pela metade ao longo dos últimos anos.

Boa parte desse esforço, explica Salgosa, que também é diretor da Cabocloro, fabricante de insumos para produtos químicos, com faturamento de R$ 450 milhões em 2001, começou a ser implementado entre 1983/84, quando foi dada a partida num ambicioso programa de recuperação e preservação ambiental da cidade, totalizando investimentos da ordem de US$ 920 milhões. E os resultados, hoje, são visíveis, tanto pela observação dos indicadores ambientais como da saúde dos rios e da vegetação locais e pelo fato de que a última declaração de alerta e emergência sobre a qualidade do ar ocorreu em 1994.

Outro fato relevante é que a Baixada Santista atraiu investimentos equivalentes a US$ 600 milhões, entre junho de 2001 e junho de 2002, segundo sondagem da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). 0 segmento de serviços ficou com 49,34% e a indústria com 50,5% com destaques para os segmentos de produtos químicos e metalurgia, puxados por Cubatão, além de outros, como construção civil, eletricidade, gás e água.

“Hoje, Cubatão é uma outra realidade, e um dos grandes desafios que temos no Ciesp é difundir e nova imagem da cidade em conjunto com as entidades locais”, afirma o engenheiro Marco Paulo Penna Cabral, diretor do Ciesp e chefe geral da usina da Cosipa. Além de investimentos, referidos por Salgosa, o diretor Marco Paulo Cabral informa que, graças ao “Projeto Inverno” desenvolvido pelas empresa em parceria com a Prefeitura, e que consiste num conjunto de cuidados especiais para melhorar a capacidade de dispersão dos poluentes, “a situação hoje está totalmente sob controle, com um nível qualidade do ar superior ao de diversas cidades de São Paulo”.

Na integração com a comunidade na busca de soluções e novas idéias para melhorar o perfil socioeconômico de Cubatão, Salgosa destaca a importância das reuniões periódicas realizadas pelo Painel Consultivo Comunitário, um fórum composto por 25 representantes locais, em que passa a discussão de boa parte das questões ligadas à necessidade de formação de mão-de-obra e de políticas públicas ou iniciativas oriundas do setor privado, para dinamizar a economia da região.

Atualmente, a estrutura de produção de Cubatão é formada por quatro grandes setores: petroquímico (46%), fertilizantes (28%), siderurgia (15%) e químico (11%). No conjunto, o Pólo oferece 21 mil empregos diretos, gerando uma massa salarial equivalente a US$ 237 milhões e US$ 122 milhões de encargos sociais, incluindo recolhimento de ISS, FGTS, Cofins e outros. A receita tributária gerada no Pólo Industrial de Cubatão totaliza US$ 257 milhões, distribuídos entre União, Estado e Município, enquanto o volume de benefícios sociais soma um gasto de US$ 35 milhões, representando US$ 1.653 per capita em 2001.

A geopolítica da região faz parte do chamado interior de São Paulo, onde se destacam 40 municípios com mais de 100 mil habitantes, que respondem por cerca de 17% do PIB e 24% da produção industrial brasileira. As transformações em curso na logística do sistema de transporte estadual, com as privatizações das operações portuárias, das ferrovias e das rodovias, a modernização dos aeroportos e a conclusão da Hidrovia Tietê-Paraná (2.400 km comercialmente navegáveis, ligando a região de Piracicaba aos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e o Paraguai) projetam significativa racionalização no escoamento de mercadorias, com repercussões relevantes na competitividade do comércio exterior do País e na economia de todo o Estado e, particularmente, da Baixada Santista.

Toda essa infra-estrutura logística, acrescida do complexo portuário de Santos (o Porto de Santos e o Porto de Piaçagüera, da Cosipa), o maior do Brasil, tendo, inclusive, projeção internacional, representa um fator de atração de novos investimentos, além de ser o escoadouro da produção agrícola e industrial de vários estados, segundo Salgosa.

Por sua importância econômica, portanto, a Baixada Santista tem chances de aumentar o volume de negócio gerado aqui, sediando congressos, feiras, seminários, exposições e simpósios, uma das grandes fontes geradoras de emprego.

De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE-NA, em 2001, em parceria com o Fórum Brasileiro de Conventions e Visitors Bureau, foram gerados 3 milhões de empregos, diretos e indiretos pelo segmento de eventos, arrecadando um total de R$ 37 bilhões. Ainda segundo a pesquisa, cerca de 52% dos eventos realizados no Brasil ocorrem na Região Sudeste. Além disso, a região abriga 39% dos mais de 79 milhões de participantes em eventos.

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