Fiesp: indústria tem 15% de capacidade escondida

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou hoje um novo estudo que avalia, com maior precisão, o quanto as indústrias são capazes de produzir em um determinado espaço de tempo, utilizando todos os recursos disponíveis.

O Nível de Utilização de Produção Plena (Nupp) tem duas etapas: calcula a fração da produção efetiva sobre a produção máxima possível. A pesquisa considera a mão de obra necessária para turnos adicionais e horas extras, e o estoque de máquinas instaladas nas empresas e prontas para operação.

O novo levantamento tem a intenção de medir a capacidade de produção “escondida” que, segundo a Fiesp, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) não consegue captar corretamente. O Nuci é apurado mensalmente pela FGV e também pela CNI – este com participação de todas as federações de indústrias, e divulgado pela Fiesp no levantamento de conjuntura.

De acordo com o Nupp, apurado junto a 247 empresas (da mesma base utilizada para o Nuci), o nível de utilização está em 69,2% – contra 79,2% informado no levantamento de conjuntura no mês de fevereiro, com ajuste sazonal.

“O Nuci se afasta em cerca de 15%, na nossa amostra, daquilo que seria o número correto de mensuração”, resumiu Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, em entrevista coletiva.

A pesquisa também revela que 76% das empresas respondentes conseguem atingir a produção plena da planta (PPP) em menos de 6 meses.

“É incorreto interpretar, de forma absoluta, um valor que é meramente indicativo e relativo. Um Nuci em 90% não quer dizer que aquele setor está a 10% do esgotamento de sua capacidade, porque há uma parcela escondida”, afirmou Francini.

Segundo ele, a Fiesp identificou aleatoriamente que alguns setores tiveram grande variação de produção física, segundo medição do IBGE, e, no mesmo período, a oscilação do Nuci ficou no patamar de 2%. Esse fator comprovava a desconfiança de que havia uma capacidade produtiva não revelada pela pesquisa.

Metodologia

A maior vantagem da nova pesquisa, para Francini, é poder mensurar o potencial de produção industrial, e dispor de informações padronizadas. Pelo Nupp, baseado na metodologia do US – Center Bureau (Estados Unidos), a empresa informante pode especificar se a sua produção física é medida em peso, volume, metros quadrados ou outras.

A Fiesp observa que o Nuci da FGV, por exemplo, calcula o percentual de ocupação dos fatores capital e trabalho no momento atual da empresa, não levando em conta a possibilidade de contratação e de utilização de maior número de máquinas disponíveis. Além disso, é definido pelo informante da pesquisa, de forma subjetiva.

O Nupp divulgado hoje também identificou que 75% das empresas têm produção efetiva inferior à capacidade de produção plena porque não precisam aumentá-la no momento, por razões como demanda insuficiente e estoque maior que o planejado. Ainda de acordo com a pesquisa, a média de turnos trabalhados é de 2,6, em 5,7 dias por semana.

Perguntado se o nível de utilização da capacidade instalada pode atingir seu nível máximo (100%), Francini explicou que as indústrias, hoje, possuem grande capacidade de responder às demandas. Segundo ele, somente quem lida no chão de fábrica é capaz de conhecer essa flexibilidade.

“Quando farejam um crescimento de demanda, os empresários se aprontam para atendê-la. E se não o fazem, dão um tiro no pé: perdem dinheiro e mercado. O que eles precisam é de um tempo para se adequarem à nova situação”, argumentou.

Mariana Ribeiro, Agência Indusnet Fiesp