IFM desenvolve óleo de corte ambientalmente adequado

A rede de pesquisa criada pelo Instituto Fábrica do Milênio (IFM) já registrou 14 patentes de tecnologias com aplicação industrial em seus três primeiros anos de atuação. Entre elas, destaca-se a do “Novo Fluido de Retificação Ambientalmente Adequado”, desenvolvida pelos pesquisadores Salete Alves Martins e João Fernando Gomes de Oliveira, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP).

Óleos de corte são essenciais para a usinagem e retificação de peças em indústrias de manufatura. Porém, devido ao seu elevado custo e, principalmente, à periculosidade que oferece à saúde humana e ao meio ambiente, há uma tendência mundial de redução da utilização desses fluídos.

O óleo integral, por exemplo, não pode ser misturado em água e não é biodegradável. As emulsões e fluidos sintéticos também possuem uma gama diversificada de produtos químicos em sua composição, como cloretos, de difícil tratamento e que, lançados nos recursos hídricos, podem provocar alterações no ecossistema.

Outro problema é o comprometimento do ar no local de trabalho em decorrência do uso de aerossóis e dos vapores de agentes refrigerantes, gerados pelo contato com superfícies quentes das peças e ferramentas empregadas. O dano potencial, nesse sentido, varia em função das propriedades físico-químicas do fluido de corte (pressão e aquecimento, por exemplo), da velocidade de rotação das peças trabalhadas e do aquecimento das superfícies.

Os óleos de corte mais problemáticos, do ponto de vista ambiental, são os que têm cloro em sua composição, alvo de mais severas restrições. Isso porque os solventes clorados têm fácil penetração no solo e podem acumular-se por um longo período no meio ambiente, contaminando o solo e as águas subterrâneas. Para se ter uma idéia, o despejo de um quilo de solvente clorado pode envenenar até quarenta mil metros cúbicos de água, ou quarenta milhões de litros.

Óleo biodegradável – O fluído desenvolvido pelos pesquisadores do IFM, por ser biodegradável, é uma alternativa para reverter esses riscos. Ele foi desenvolvido a partir de uma mistura de compostos químicos com características distintas, com base em óleo de mamona sulfonado (Liovac 80) e mais três aditivos: um bactericida, um anticorrosivo e um agente emulgador. O produto já tem sido empregado em testes de campo, em indústrias de manufatura, com resultados promissores quanto ao seu desempenho mecânico (eficácia na retificação de peças) e à sua adequação ambiental (capacidade de degradação natural).

Testes de retificação em laboratório já mostraram que o fluído tem seu melhor desempenho ao ser diluído em 45%. Nessa fórmula, foram obtidos resultados similares aos do óleo integral no que diz respeito ao desgaste do rebolo (ferramenta de corte) e à qualidade superficial da peça de trabalho, observada através da medida de rugosidade.

Para o pesquisador João Fernando Gomes de Oliveira, professor do Departamento de Engenharia de Produção da EESC e coordenador do IFM, a nova fórmula também representa um avanço para a reciclagem de materiais metálicos descartados pelas indústrias. “Numa indústria de usinagem, o maior problema ambiental é o fluido de corte, pois ele se mistura ao metal das peças, o que impede sua reciclagem”, afirma.

O principal diferencial químico do novo fluido de corte – e que o torna biodegradável – é sua alta porcentagem de óleo de mamona sulfonado, cerca de quatro vezes superior à dos produtos atualmente disponíveis no mercado. Em sua produção, também se utiliza uma menor variedade de aditivos, apenas três, enquanto a maioria das formulações comercial envolve em torno de dez tipos. Além disso, há facilidade de preparação e menor periculosidade de uso e descarte.

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