Mineradoras gastam US$ 14 bi em minério de ferro

Mineradoras gastam US$ 14 bi em minério de ferroO cenário apertado de oferta de minérios para atender a crescente demanda, principalmente por parte dos países emergentes, com destaque para a China, tem levado as grandes mineradoras mundiais, como a Companhia Vale do Rio Doce, BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo American, a adquirir novos ativos de mineração e acelerar investimentos em projetos das principais commodities minerais. Entre estes minérios, merece destaque o minério de ferro, cujas reservas têm sido cobiçadas seja por outras por outras mineradoras como por consumidores do material, como as siderúrgicas, como se verificou ontem no caso MMX-Anglo American.

Somente no Brasil, que é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, com produção de aproximadamente 330 milhões de toneladas no ano passado, ou 18,8% da produção mundial, a previsão é de crescimento de 85% na produção até 2011, para 587 milhões de toneladas. Entre projetos de exploração de novas minas, ampliação de minas já em operação e obras logísticas de apoio aos projetos devem ser investidos cerca de US$ 14 bilhões, segundo o levantamento mais recente realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Em meados do ano passado, quando foi divulgada a versão anterior do estudo, o valor era de US$ 9,6 bilhões.

“A todo momento estamos revendo estes números, porque todos querem aproveitar os altos preços das commodities minerais. Isso tem contribuído para apresentarmos uma carteira sem precedente na história da mineração brasileira”, disse o presidente da entidade, Paulo Camillo Penna, destacando que no início de 2007 os investimentos previstos para todo o setor mineral eram de US$ 25 bilhões, ante os US$ 32 bilhões.

O preço dos finos de minério de ferro acumulam alta de 135,4% entre 2004 e 2007, enquanto as pelotas tiveram aumento de 93% no mesmo período, conforme dados baseados nos preços médios da Vale. Considerando os reajustes acertados a cada ano pelas mineradoras com as siderúrgicas, o reajuste acumulado é até maior, já que somente em 2005 a tonelada do minério teve alta de 71,5%, seguido de 19,5% em 2006 e 9,5% no ano passado. Ao que tudo indica o aumento este ano será acima 30% e pode chegar a 50% segundo prevêem alguns especialistas.

Tal evolução, fez as empresas não apenas acelerarem projetos de expansão da capacidade instalada como intensificar novos a pesquisa mineral, que têm resultado em novos projetos. “Normalmente as empresas levavam pelo menos dez anos entre o início dos estudos e o começo da operação, mas agora há uma busca por reduções nos prazos para aproveitar o período de alta dos preços, por isso cada vez a mineração demanda mais capital, mais investimento em tecnologia, máquinas, em pessoal”, disse Camillo Pena.

País bom de investir

Dentro deste cenário, o Brasil aparece como um país de destaque para se investir graças não apenas ao bom minério que existe em seu solo como também ao ambiente mais favorável para investimentos em projetos voltados para a exportação, destacou o professor da Universidade Federal de Uberlândia, Germano de Paula Mendes, especialista em mineração. De acordo com ele, dentre os maiores produtores mundiais de minério de ferro, apenas Índia e Austrália, além do Brasil, tem mostrado fôlego para acompanhar o crescimento da demanda. No entanto, na Índia há tempos se discute a ampliação das barreiras a exportação de minério de ferro, enquanto na Austrália os investimentos tem sido feitos principalmente em projetos de exploração de pequenas minas. “Lá eles não exploravam essas pequenas minas, mas aqui já o fazemos há muito e essas pequenas mineradoras até se tornaram ativos sempre mais valiosos”, disse, destacando a venda de diversas mineradoras mineiras.

Camillo Pena revelou que estas aquisições de fato também tem contribuído para o crescimento dos investimentos em exploração de minério de ferro. “A compra destas pequenas mineradoras faz com que as novas proprietárias queiram investir em aumento de capacidade”, disse citando o caso da London Mining, que no ano passado adquiriu a Minas Itatiaiuçu e definiu investimentos de US$ 100 milhões para expandis em três anos a produção das 500 mil toneladas anuais no ano passado para 3 milhões de toneladas até o ano que vem.

Verticalização

O interesse pelos ativos de mineração ocorrem não apenas por parte das grandes mineradoras, como também das siderúrgicas. Em Serra Azul (MG), mesma região em que opera a London Mining, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) adquiriu no ano passado a Companhia de Fomento Mineral (CFM), para fortalecer sua área de mineração, que já conta com a valiosa mina de Casa de Pedra. Já a Usiminas está em fase avançada de negociações – e há quem garanta que o negócio já está fechado – para a compra da J.Mendes, outra mineradora da região.

A explicação para tal interesse é tentativa de se proteger dos aumentos no preço do minério, e em alguns casos até de aproveitar o bom cenário para lucrar com a venda do insumo, como já busca fazer a CSN. “O que se verifica é que houve uma mudança na estrutura de fornecimento e do preço no minério de ferro. Como minério é matéria-prima importante para uma usina integrada, com participação acima de 20% na estrutura de custo, houve uma busca pela verticalização”, afirmou de Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). “Isso é uma reação natural a uma concentração, uma tendência inexorável de busca de alternativas ao fornecimento, e é tão vital que se tiver como garantir a auto-suficiência, as usinas irão fazê-lo”.

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