Na China, empresas relutam em adotar moeda local

Na China, empresas relutam em adotar o yuanA China facilitou a vida de empresas de outros países que compram de fornecedores locais e pagam seus empregados chineses em yuan, a moeda chinesa. Mas o yuan encontra poucos adeptos entre as empresas dos EUA que estão chegando à nação chinesa.

Um yuan chinês vale atualmente US$ 0,15. A moeda tem esse nome por causa da dinastia Yuan, do século XIII.

As empresas americanas caíram de para-quedas na China para tirar vantagem dos custos trabalhistas mais baixos e de um mercado consumidor em expansão. O yuan fraco reduz o custo de produção na China, tornando os bens produzidos lá mais competitivos para venda no comércio internacional.

Mas, durante o último ano, a vantagem tem sido corroída pela inflação crescente na China e pela decisão de Pequim em aumentar o valor limite de troca do yuan em relação ao dólar.

Neste contexto, a China está tentando encorajar mais empresas a usar o yuan, também conhecido como renminbi. A China cobiça o status de moeda global que hoje é ocupado pelo dólar, influência que fornece um impulso de poder econômico e político aos EUA. Isso só pode acontecer se o yuan se torna uma moeda fundamental para o comércio internacional.

A China tem liberalizado controles cambiais e incentivou um mercado offshore de yuan em Hong Kong, criando uma saída para mover o dinheiro para o outro lado da fronteira chinesa.

E funcionou – até certo ponto. Transações em yuan totalizaram 15 bilhões no primeiro semestre de 2011. É um aumento de mais de 13 vezes em relação ao ano anterior, de acordo com o Banco Popular da China, banco central do país. Mas que representa uma pequena fração do comércio global da China.

Executivos de empresas dizem que é difícil comprar e vender em yuan por causa da papelada e burocracia envolvida. E ainda é mais fácil pagar em dólares porque a maioria dos negócios internacionais na China é feita com a moeda dos EUA. A conveniência de pagar em dólares supera o custo potencial de um movimento desfavorável da taxa de câmbio dólar-yuan.

A Harman International Industries Inc. (HAR) está entre as empresas dos EUA crescendo rapidamente na China, mas que vai continuar com o dólar. A receita da fabricante de equipamentos de áudio na China foi de US $ 269 milhões no ano fiscal que terminou em junho, acima dos US $ 35 milhões no ano fiscal de 2009.

No entanto, a Harman compra peças na China que são produzidas em fábricas de propriedade japonesa, americana e europeia, que estão satisfeitas em receber os pagamentos em dólares. Os aparelhos de som vendidos tendem a ir para os braços chineses das montadoras multinacionais como a General Motors Co. (GM).

A Harman pode começar a usar o yuan quando as montadoras chinesas, como a Geely Automobile Holdings Ltd., começarem a comprar seus produtos, o que eles disseram que pretendem fazer nos próximos três anos, disse o presidente-executivo Dinesh Paliwal.

“Eu ficaria muito inclinado a fechar contratos com empresas chinesas em yuan”, disse ele. “Isso será um passo natural”.

Bancos nos EUA estão sendo cuidadosos quando se trata do yuan. O San Francisco Union’s Bank, de propriedade do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, recentemente começou a processar os pagamentos em yuan para seus clientes corporativos nos EUA. O banco troca dólares para yuan para clientes em Hong Kong. Aqueles yuans, em seguida, vão para a China, onde eles são usados para pagar funcionários e fornecedores.

“Grandes empresas que estão fabricando na China ou têm grande presença no país já estão usando o serviço”, disse Kate McNally, vice-presidente do Union’s. O banco se recusou a dizer o valor de yuans processado até agora.

Para empresas menores, o custo de fazer negócios em yuan ainda é um fator.

O diretor financeiro de um pequeno importador de calçados disse que a mudança para pagamentos baseados em yuan ajudaria a reduzir os custos, uma vez que a empresa mudou a produção da Europa para a China nos últimos 18 meses.

Mas a empresa não tem o dinheiro ou tempo para analisar a conversão de seus sistemas de pagamento e procedimentos, disse o CFO, que não quis ser identificado porque quer manter o desempenho financeiro de sua empresa em segredo.

Pagar em dólares é normalmente mais caro, já que os fornecedores incluem esses valores quando calculam seus preços.

“Sentimos que estamos em desvantagem, porque não podemos separar a alteração de moeda yuan da subida dos custos na China”, disse o CFO.