Riscos ocupacionais: Os perigos da solda

Riscos ocupacionais: Os perigos da soldaA solda, apesar de ser um método muito usado e eficaz dentro das plantas industriais, também expõe os trabalhadores a diversos riscos ocupacionais pelos perigos da solda. Todos os processos de soldagem produzem gases ou fumaças que contêm partículas altamente intoxicantes. Em praticamente todos os tipos de processos de soldagem, o calor elevado de um arco elétrico é usado para derreter e fundir duas peças de metal. Quando a solda gera um arco, o calor deste arco vaporiza uma pequena quantidade de metal e libera fumaça de solda no ar, o que pode afetar a saúde do soldador, bem como a saúde das pessoas na área circundante, especialmente se não houver os equipamentos de segurança necessários a fim de evitar a contaminação por metais.

Em toda a indústria mundial, os soldadores que permanecem expostos por longos períodos ao vapor gerado pelo procedimento de solda, especificamente quando há a presença de manganês, tem atraído a atenção da mídia nacional nos últimos anos. Milhares de soldadores entraram com ações contra os fabricantes de varas de soldagem, além de distribuidores e fornecedores, alegando que o manganês presente no produto causa uma série de doenças, incluindo a doença de Parkinson. Embora a exposição ao manganês resulte no surgimento de sintomas semelhantes à doença de Parkinson, pesquisas adicionais devem ser realizadas para confirmar uma ligação entre o manganês e o mal de Parkinson.

O conteúdo dos vapores ou fumaças de solda depende dos componentes do metal de base, revestimentos e / ou materiais de enchimento, bem como das temperaturas utilizadas no método de soldagem. Alguns tipos de metais comumente encontrados nos gases gerados pela soldagem incluem o alumínio, o berílio, os óxidos de cádmio, o cromo, o cobre, o flúor, o óxido de ferro, o chumbo, o manganês, o molibdênio, o níquel, o vanádio e o óxido de zinco. A solda também produz outros gases, como o monóxido de carbono, o fluoreto de hidrogênio, o óxido de nitrogênio e o ozônio.

Efeitos da exposição ao vapor de manganês

A exposição aos vapores de solda proporciona inúmeros problemas de saúde. Quando inalados, os gases ocasionados por diferentes técnicas de soldagem podem entrar nos pulmões, na corrente sanguínea, chegar até as células nervosas do cérebro, à medula espinhal e outros órgãos, culminando em impactos negativos para a saúde humana a curto e longo prazo.

Dos muitos soldadores que trabalham em fábricas ou na construção civil, no setor de siderurgia, na manufatura, na mineração, na metalurgia e no setor petroquímico, a grande maioria sofre de algum tipo de doença respiratória e infecção pulmonar. Nos últimos anos, porém, os efeitos da exposição aos vapores de manganês através da solda sobre a saúde dos soldadores têm sido causa de estudos mais aprofundados.

O manganês é um metal, sendo o décimo segundo elemento mais abundante na Terra. É um metal altamente reativo, de cor cinza, que se assemelha ao ferro, e muitas vezes é adicionado ao aço carbono e ao aço inoxidável para aumentar a dureza, rigidez e resistência desses elementos. Além do aço, o manganês é encontrado em muitos tipos diferentes de hastes de soldadura, por isso é considerado o metal mais nocivo presente na fumaça derivada da solda.

Essencial para nutrir o corpo humano, o manganês é primordial para uma pele saudável, ossos e cartilagens fortes nos seres humanos, mas as concentrações elevadas de manganês no organismo, muitas vezes referidas como “envenenamento por manganês” ou “manganismo”, podem danificar irreversivelmente o cérebro e o sistema nervoso central. Estudos têm demonstrado que a exposição a altos níveis de fumaças de solda de manganês, por apenas alguns meses, causa doenças graves, e que muitas vezes levam à morte.

A exposição a fumaças contendo partículas de manganês pode causar: astenia, secura na garganta e tosse, dispnéia, encefalopatia, fadiga, febre, insônia, dor lombar, mal-estar, confusão mental, paralisia, vômitos, fraqueza, dor no peito, entre outros sintomas.

Vapores de soldaUso de respiradores de proteção

Os empregadores podem optar por complementar os sistemas de ventilação nas áreas de soldagem ao adotar o uso de equipamentos de proteção respiratória. Todos os respiradores utilizados no local de trabalho devem ser certificados, e os empregadores devem selecionar aqueles modelos de respiradores de segurança que oferecem a melhor proteção possível. Por outro lado, os empregadores são obrigados a fornecer todos os equipamentos de proteção individual, de acordo com a lei, assegurando o bem-estar dos funcionários. Além disso, cabe às empresas implementarem um programa eficaz de segurança do trabalho e saúde ocupacional, visando à prevenção de acidentes e os riscos ocupacionais por intoxicação química, ou riscos químicos, como são conhecidos. O ideal é que as empresas desenvolvam um programa de vigilância sanitária para avaliar a capacidade médica do empregado de usar um respirador, bem como realizar treinamentos sobre o uso correto e o armazenamento da proteção respiratória. Cabe lembrar que este programa deve ser avaliado regularmente.

Especialização em Higiene Industrial

Todos os empregadores devem ter um plano de monitoramento industrial de higiene no local de trabalho, principalmente nas áreas de solda. Nesse sentido, os higienistas industriais são importantes profissionais que ajudam a elaborar um planejamento de higiene industrial e, por isso, devem estar presentes em todas as áreas de trabalho, monitorando os soldadores e os potenciais riscos de exposição. A higiene industrial de monitoramento de higiene, sob a forma de acompanhamento pessoal e da área específica, deve ser realizada para avaliar os níveis de exposição. Esta informação também pode ser aproveitada para determinar a adequada proteção respiratória, quando necessária. Análises típicas de amostras coletadas por sistemas de filtragem podem incluir uma ampla varredura com o intuito de detectar metais, como chumbo, ferro e manganês para futura análise exaustiva a cerca dos vapores de solda. Os higienistas industriais devem também trabalhar em parceria com os soldadores a fim de conscientizá-los educá-los sobre os perigos da fumaça originada pelo processo de solda.