Guerra de preço pode levar à importação de chapa grossa

A forte demanda por chapas grossas no mercado doméstico no início deste ano, aliada ao alto preço praticado localmente, pode fazer com que a Transpetro, subsidiária logística da Petrobras, vá buscar no exterior o aço utilizado para a construção dos 26 navios da primeira etapa do Programa de Modernização e Expansão de sua frota. Ainda não há nenhum contrato assinado entre os estaleiros e os fornecedores, e não há previsão de quando o impasse possa ser resolvido. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, admite que poderá buscar o produto no mercado externo. E o estaleiro Atlântico Sul, localizado em Suape (PE) e responsável pela construção de dez navios, afirma que os contratos estão em fase de negociação.

A prioridade é a compra de aço no mercado interno, mas o estaleiro admite a compra no exterior, caso haja preços mais atrativos ou dificuldades de fornecimento local.

Fornecedora da matéria-prima para os navios da Transpetro, a Usiminas procura mostrar tranqüilidade em relação ao assunto. “Há apenas dois fornecedores de chapa grossa no Brasil: a Usiminas e a Cosipa. Portanto, as encomendas ficarão com o Sistema Usiminas. São negociações longas, mas deveremos sair com sucesso. Não há preocupação”, afirmou recentemente Rinaldo Campos Soares, presidente da siderúrgica mineira.

Entraves

No entanto, o fornecimento de chapas grossas para a Transpetro esbarra em dois entraves. O primeiro é o preço. De acordo com a Steel Business Briefing (SBB), agência de notícias especializada no setor siderúrgico, o preço médio da chapa grossa praticado em março no mercado nacional ficou entre US$ 910 e US$ 920 a tonelada.

Fontes do mercado afirmam que conseguem encomendar o mesmo tipo de aço na China por US$ 750 a tonelada. Somando os custos de frete e as tarifas de importação, o aço chega ao País por cerca de US$ 900 a tonelada. A Transpetro projeta um consumo de 216 mil toneladas de chapas e perfis de aço até 2011. Com essa diferença de até US$ 20 a tonelada, a economia ao importar pode chegar a US$ 4,32 milhões.

Outro entrave é a forte demanda por chapas grossas no mercado doméstico neste início de ano. Segundo a Usiminas, nos três primeiros meses do ano foram produzidas 463 mil toneladas: 225 mil em Ipatinga e 238 mil em Cubatão. O número é 24,1% superior às 373 mil toneladas produzidas nos três primeiros meses do ano passado.

Em março, a laminação de chapas grossas bateu recorde histórico de produção na Usiminas. A companhia enfrenta dificuldades para atender às encomendas atuais, tanto que iniciou a importação de chapas grossas a partir de março para atender ao mercado interno. Mais um carregamento está previsto para desembarcar este mês em Cubatão (SP), a partir da Cosipa, informou uma fonte. Os distribuidores também reclamam de estoques baixos. Alguns iniciaram a importação do produto no início do ano, tanto por conta do preço como pela falta no mercado. É o caso da Frefer, distribuidora localizada em São Paulo (SP), que importou 6 mil toneladas da China no início do ano, segundo Elmo Dardim, gerente de Vendas da empresa.

No projeto de expansão da Usiminas, anunciado no mês passado, está previsto um aumento de 50% na capacidade de laminação de chapas grossas em Ipatinga (MG), passando de 1 milhão para 1,5 milhão de toneladas. Com isso, a capacidade total de produção deste tipo de aço pelo Sistema Usiminas subirá de 1,9 milhão para 2,4 milhões de toneladas anuais a partir de 2010. Gasodutos

A demanda é puxada principalmente pelas encomendas da TenarisConfab, responsável pela implementação do Projeto do Gasoduto de Interligação Sudeste Nordeste (Gasene), da Petrobras, e dos sistemas TGN e TGS (Transportadora de Gás del Norte e del Sur), na Argentina. Somados, os dois projetos perfazem 1.603 quilômetros de tubulações de aço. As entregas estão programadas para o decorrer deste ano.

Além dos dois projetos, a empresa firmou dois acordos com a Petrobras para mais 395 quilômetros de tubulações para parte do projeto Planglas, com entrega prevista entre agosto deste ano e agosto de 2008. Ainda falta a confirmação, que virá por meio de Autorizações de Fornecimento de Materiais (AFM), a serem emitidas pela Petrobras. Com isso, a demanda por chapa grossa crescerá ainda mais.

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