Mittal e Arcelor disputam a CSN

Segundo fontes do mercado, as maiores do aço analisam comprar a empresa brasileira. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) – uma das principais produtoras de placas de aço do País e única fabricante de folha de flandres usadas, por exemplo, na fabricação de latas – terá papel fundamental na nova configuração do ranking de participação do mercado siderúrgico internacional. A companhia se transformou em peça chave na disputa travada entre duas grandes concorrentes aos primeiros degraus na produção mundial, o grupo europeu Arcelor e o grupo de origem indiana Mittal. No momento, a CSN está no alvo das duas estrangeiras, de acordo com o que se comenta atualmente no mercado.

O interesse não foi manifestado publicamente por nenhuma das duas empresas.

A Mittal, na sua ânsia por ganhar mais participação no mercado mundial, vê na compra da CSN uma possibilidade de ampliar sua atuação, sobretudo no Brasil – que já é um dos maiores produtores mundiais de aço (ocupava o oitavo lugar no ranking em 2004) – e assim dificultar uma escalada ao topo do ranking pela Arcelor. Já a Arcelor, que recentemente consolidou sua posição como o maior player da siderurgia brasileira, pode obter com a CSN uma barreira contra o avanço da concorrente e evitar que a oferta hostil, que acaba de receber da Mittal, venha a se tornar realidade.

Disputa antiga

A briga por maiores fatias do mercado entre os dois grupos internacionais não é nova. Quando a Arcelor estava adquirindo ações de controle das siderúrgicas brasileiras, que estavam em poder de fundos de pensão, para com isso organizar o que é hoje sua holding no País, a Arcelor Brasil, foi obrigada a disputá-las repentinamente com um novo interessado, o fundo Tarpon , que ofereceu um preço maior pelas mesmas ações. Segundo comentários que circularam à época, a Mittal estaria por trás da manobra. A Arcelor teve que cobrir o preço e fazer um acordo com os acionistas vendedores para comprar os papéis.

A Mittal continua a negociar com Benjamim Steinbruch a compra da CSN e estuda também como poderia participar da Usiminas. Steinbruch já teria recusado uma oferta da empresa e as negociações continuam, segundo fontes do setor.

O interesse da Mittal pelo Brasil, na verdade, independe do resultado de sua negociação com a Arcelor. No caso da Usiminas, representantes da siderúrgica Mittal já tiveram encontros com acionistas da empresa brasileira. Uma das possibilidades é a compra da participação de um desses acionistas.

Casa da Pedra

Descrito como um empresário que não desiste fácil do que lhe interessa, o indiano Lakshmi Mittal, CEO da Mittal, esteve no Brasil há cerca de seis meses. Visitou empresas, portos e a Mina Casa de Pedra. Seu interesse pelo Brasil se deve a fatores como uma indústria já consolidada e com mercado, matéria-prima abundante (o minério de ferro) e mão de obra barata.

De acordo com o analista da Standard & Poors, Reginaldo Takara, a CSN é uma ativo estratégico sobretudo por deter a Casa de Pedra, mina localizada no município de Congonhas, interior do Estado de Minas Gerais, responsável pelo suprimento integral de suas necessidades por minério de ferro, de alto teor de pureza – até 68%.

Opção estratégica

“A Casa de Pedra é estratégica para qualquer empresa no mundo, pois tem uma grande capacidade de produção e qualidade de minério de ferro comparada a obtida pela Companhia Vale do Rio Doce (maior exportadora mundial de minério de ferro), que fica na mesma região”, afirmou Takara.

A Casa de Pedra produz 16 milhões de toneladas anuais, o suficiente para abastecer a CSN por mais 30 anos. A CSN pretende investir US$ 800 milhões para aumentar sua produção, para 40 milhões de toneladas por ano. O analista disse que a CSN não precisa necessariamente se associar a um grande grupo, já que é uma siderúrgica integrada, com custo de produção e rentabilidade muito boas, superiores as da média da maioria das siderúrgicas européias.

A siderúrgica confirmou ter recebido uma visita de executivos da Mittal, em agosto do ano passado, mas negou que tenha recebido ofertas de compra vindas da Mittal ou da sua rival Arcelor. A CSN, contudo, informou que mantém conversas com essas empresas.

kicker: Oferta hostil da Mittal pela européia Arcelor pode resultar em novas mudanças na configuração da siderurgia mundial

kicker2: A Casa de Pedra é um atrativo para as siderúrgicas pela grande capacidade de produção e qualidade do minério de ferro

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